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"Eu recebo o prêmio como um desagravo", diz vencedora do Prêmio Esso

Sérgio Matsuura, do Rio de Janeiro

No dia 15/12/2007, a jornalista da Folha de S. Paulo Elvira Lobato publicava a matéria “Universal chega aos 30 anos com império empresarial”. Na noite desta terça-feira, quase um ano após a publicação, veio o reconhecimento. A repórter foi a grande vencedora do 53º Prêmio Esso de Jornalismo.
“Eu recebo esse prêmio como um desagravo. Essa reportagem foi alvo de 105 processos, que geraram um ônus financeiro para a Folha e um grande desgaste emocional. Eu dedico o prêmio a todos os jornalistas, porque a liberdade de imprensa é o oxigênio do jornalismo e aquela série de ações judiciais é uma ameaça a ela”, desabafa Elvira.
Para responder a tantas intimações judiciais, Elvira contou, e continua contando, com o apoio de outros funcionários da Folha. Até o momento, a jornalista já venceu as 58 ações julgadas, mas ainda restam outras 47.
“Eu cheguei a receber 13 intimações em uma semana. Era impossível comparecer a todas. A Folha botou muita gente para ajudar. Emocionalmente, essa série de processos me causou um impacto muito grande, porque eu temi que me jogassem contra o fiel da Igreja Universal. Não era nada disso. Era uma matéria de levantamento patrimonial. Eu espero que esse prêmio ajude a desatar esse nó judicial”, diz.
Elvira conta que a reportagem é resultado de anos de conhecimentos acumulados na área de radiodifusão. Diz ainda que a matéria consumiu dois meses de trabalho apenas na apuração final, que contou com incontáveis pesquisas na Junta Comercial e no levantamento das identidades dos proprietários das empresas.
A reportagem revelou que a Igreja Universal, além de controlar 23 emissoras de TV e 40 de rádio, mantinha 19 empresas registradas em nome de seus membros, entre elas, dois jornais diários, duas gráficas, uma agência de turismo, quatro empresas de participações, uma imobiliária, uma empresa de seguro saúde e uma de táxi aéreo.