Calçadão de Londrina, em frente ao Banco HSBC, bem na porta:
- Pelo amor de Deus! Me ajuda! Eu tô com fome! Eu não tô aguentando de fome! Me ajuda, me dá um dinheiro pra eu comprar comida! aaaaaah.........(chorava copiosamente)
- Moço, me ajuda! Moça, me dá dinheiro! Senhora, eu tô com muita fome! Me arruma um dinheiro aí pelo amor de Deus!
Lá de dentro do banco dava pra ouvir a mulher gritando. E ela não parava! Ninguém fazia nada.
Todos olhando, com olhar de reprovação, mas sempre alguém ajudava. Uma moedinha daqui, um trocado dali. Vi uma mulher dar R$ 2,00. Até que alguém murmura: "Agora há pouco um moço comprou uma coxinha pra ela, mas ela não quis. Disse que queria dinheiro!" E outra: "Que pouca vergonha".
Minha mulher indignou-se. Na saída, abordou a suposta pedinte e perguntou: "Por que a senhora não quis comer a coxinha que o menino comprou e te deu"? Ela esquivou-se.
Fomos embora, mas poucos metros dali lembramos que tínhamos que ter ido pelo outro lado. Voltamos. A falsária seguia com aquele dramalhão todo. Aí foi a minha vez de entrar em cena. Peguei o celular e mostrei a minha porção ator:
- Alô! SOS? É do SOS? Olha, tem uma pessoa passando fome, chorando de fome aqui no calçadão!
A mulher deu uma parada e ficou de orelha em pé. Continuei:
- É, passando fome sim. Ela está bem aqui na frente do HSBC! HSBC, do calçadão, perto ali da rotatória...", como se estivesse explicando.
- Isso, isso, é aqui mesmo! Dá pra vocês trazerem um prato de sopa pra ela? Ela tá com muita fome, traz bastante"...
- Vocês já tão vindo? Uns 10 minutos? Ah tá, obrigado viu?
Antes que eu "desligasse", a mulher fechou a cara e disse: "Que sopa o que ô", fazendo com a mão aquele gesto de baixo pra cima como quem dissesse, "vá se ferrar"! E saiu. Deu um pouco de sossego.
Mas enquanto tiver gente que dá dinheiro como esmola, ela vai continuar nas ruas.