Depois de todos, mas não podia deixar de registrar o principal fato do dia: foi marcada a data do novo 2º turno, ou 3º como alguns preferem chamar. Hauly (PSDB) de um lado e Barbosa Neto (PDT), do outro.

Veja o retrospecto dos dois ao longo das eleições:
1992 - Vencedor: Cheida
Hauly: já era Deputado Federal, mas usava bigode;

Barbosa: era repórter da TV Tropical, bombadão (era bem musculoso). Fazia parte da equipe normal de jornalismo;

1996 - Vencedor: Belinati
Hauly: era Deputado Federal e lançou-se candidato a prefeito por Londrina, enfrentando forte resistência por ser de Cambé. Chega ao segundo turno, mas é derrotado por Antonio
Belinati. Até hoje chora as pitangas por ter sido atropelado pelo comboio de Jaime Lerner, que desembarcou na campanha de Belinati no 2º turno;

Barbosa: Já numa fase mais popular, subiu ao palanque de Belinati para apresentar os comícios. Naquela época ele faria isso para qualquer candidato, desde que também fosse bem pago.

2000 - Vencedor: Nedson Micheletti
Hauly: como aconteceu tudo aquilo com Belinati (afastado, cassado, preso, etc), avaliou que voltando à disputa teria uma grande chance de vencer. Sem dúvida era o mais forte dos candidatos. Mas os caciques só esqueceram de combinar com o povo. E a soberba do "Sou o líder das pesquisas", ou o "Já estamos no 2º turno", acabaram produzindo uma invertida histórica. O líder foi atropelado por um moleque (essa expressão correu por aí quando falavam do Barbosa) e um desconhecido (Nedson), Hauly ficou em terceiro. Os sábios gurus da política local errariam mais uma vez ao dizer que o tucano esaria acabado;

Barbosa: estava no auge da popularidade com o programa de TV. Lançou-se candidato pela primeira vez logo a prefeito. Sofreu com o preconceito de ser jovem demais (32 anos) e perdeu para Nedson e a militância do PT. Prometia voltar em 2002 para Deputado Estadual. Assim o fez e teve uma votação massiva.

2004 - Vencedor: Nedson Micheletti
Hauly: dizia e repetia que não era candidato a prefeito. Tercílio Turini disputaria pelo PSDB. Por imposição dos caciques e também na base do "Já que o partido quer, eu vou...", Hauly foi para sua terceira tentativa à prefeitura. Um cenário complicado, com Belinati na disputa e Nedson tentando a reeleição. Fez uma campanha brilhante, combativa (sem baixaria), propositiva. Um despertar que veio um pouco tarde para evitar o crescimento de Nedson na reta final. Ficou novamente em terceiro. Os gurus murmuravam: "depois dessa, ele não volta mais".

Barbosa: Pela primeira vez disputando com um mandato garantido, Barbosa também fez uma bela campanha, cheia de propostas bem amarradas. Sofreu com seu eleitorado fiel, que apoiava Belinati. Ficou em quarto, com 10% das intenções de voto. Morreu abraçado com Hauly, assistindo de camarote a disputa entre Belinati e Nedson.

2008 - Vencedor: Belinati (impugnado)
Hauly: deixou no ar se seria ou não candidato. Um jogo de cena, já que o crescimento na reta final em 2004 havia deixado uma boa impressão e Nedson não poderia disputar. Fez as contas e achou que dava, apesar do desgaste de três derrotas. Viu a viola em cacos e teve tempo de agir. Foi acusado (tenho que colocar assim) de "bater" nos adversários, especialmente Barbosa Neto, e por uma margem apertada (menos de 2 mil votos) foi o segundo mais votado e garantiu vaga no segundo turno. Contra Belinati, viu que o buraco era mais embaixo. Pensou que ia dar uma surra, mas encontrou um adversário bem diferente do que havia sido. Foi vencido pelo Povo. Resignou-se dizendo que o resultado não poderia ser mudado, que seria uma vergonha. Depois, com a impugnação de Belinati, pediu pra ser diplomado. Sua última cartada foi apoiar a chapa que colocou José Roque Neto como prefeito interino, amealhando alguns cargos na administração. Tentou protelar a eleição para depois do julgamento dos recursos de Belinati, mas teve o pedido negado. Sabe que terá uma missão muito mais difícil do que todas as outras, e tenta mostra otimismo.

Barbosa: vem fazendo campanha há anos, mantendo uma imagem de candidato da classe média. Fez uma campanha muito bem produzida na TV, procurou desvencilhar-se dos golpes adversários (as denúncias) e teve até momentos cinematográficos, como a tentativa de extorsão que acabou na prisão de Luciano, seu ex-assessor. Na reta final, Barbosa navegou pelas águas tranquilas, porém traiçoeiras, das pesquisas eleitorais. Provou do mesmo fel que Hauly havia amargado em 2000, o de achar que "já estava no 2º turno". Barbosa teve apoios de peso no primeiro turno, como Alex Canziani, Tercílio Turini e uma penca de partidos. Ficou a 1900 votos de vencer Belinati, já que propalava que ele era o único que podia derrotá-lo, segundo as pesquisas. Derrotado, isolou-se no início e a uma semana da eleição (muitos juram que ele projetou a impugnação de Belinati), surpreendeu a todos anunciando apoio a Antonio Belinati. Pode ter feito a diferença. Comemorou abraçado a Belinati e longe dele assistiu à sua impugnação. Reivindica agora o trono de herdeiro dos votos do povo. Teve contra si a derrota de seu grupo para a presidência da Câmara, e divide opiniões. A classe média e alta acredita (ou quer acreditar) que ele está liquidado, depois de aliar-se a Belinati e ao belinatismo. Outros (como eu) acham que Barbosa é o franco favorito para vencer, considerando que o eleitorado que conduziu Belinati à vitória teoricamente teria menos rejeição a Barbosa do que a Hauly.

As fichas estão na mesa. Está aberta a temporada de apostas. Quem se arrisca?